sexta-feira, 26 de outubro de 2018

História do Cariri: Dona Matildes, a inimiga que protegeu Bárbara de Alencar
 Casa de Dona Bárbara de Alencar, localizada na praça da Sé, em Crato . O imóvel foi destruído para dar lugar ao atual prédio da Coletoria de Rendas da Secretaria da Fazenda do Ceará

    O episódio que, de forma resumida, relato abaixo está – com mais detalhes – nas páginas 70 e 71 do livro “As Quatro Sergipanas”, do sacerdote e historiador Mons. Francisco Holanda Montenegro.
   Dona Bárbara de Alencar tinha com Dona Matildes Telles, esposa do Capitão Manoel Joaquim Telles e mãe do Juiz Ordinário de Crato, este destituído do cargo pelos membros da família Alencar, líderes da Revolução Pernambucana de 1817, no Cariri cearense – uma intriga e rivalidades antigas por causa de política. Não se entendiam, não se cumprimentavam e nem se falavam.
   Rechaçada a Revolução, pelo Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, os filhos de Dona Bárbara foram presos e ela escondeu-se dos inimigos pensando escapar da prisão.  Na madrugada de 21 de maio de 1817, Dona Bárbara encontrava-se escondida nas imediações do Sítio Pau Seco, propriedade sua, onde passou o dia oculta num canavial. À noite saiu do esconderijo, e tendo perdido a esperança de ver voltar seu fiel escravo, o negro Barnabé, seguiu vagando sem destino pelas matas que existiam à época em torno da Vila Real do Crato. Na sua andança veio parar no Sítio Miranda, mais precisamente nos fundos da casa de sua inimiga, Dona Matildes. Soube que estava ali porque viu uma escrava da casa apanhando água. A escrava reconheceu Dona Bárbara e foi avisar a sua patroa.
  Dona Bárbara apresentou-se a Dona Matildes. Esta última, com o coração aberto a tantos sofrimentos porque passava a família Alencar, abraçou a sua inimiga com lágrimas de ternura e num gesto magnânimo de generosidade, respeito e fidalguia levou-a para abriga-la na sua casa. Fez mais Dona Matildes. Mandou chamar seu filho, o Juiz Ordinário do Crato, que tinha sido readmitido no cargo, e disse a ele:
– Mande queimar todos os papéis e atas arquivados pelos contrarrevolucionários que comprometam Dona Bárbara e seus filhos
 Tempos depois, o futuro Senador e Presidente da Província do Ceará, José Martiniano de Alencar, filho de Dona Bárbara, preso nos cárceres do litoral teria afirmado: “Sem provas nós não poderíamos ser licitamente condenados à morte”.

A Chapada do Araripe é um mundo
   O texto abaixo abre o site do Geopark Araripe:
   “A Chapada do Araripe é uma grande muralha que divide os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Em seu entorno há inúmeras fontes de água, graças às rochas que a formam, e que têm uma função similar à de uma esponja. Com água farta, está sempre verde, mesmo em tempos de seca persistente. Com um bioma predominante de caatinga, e áreas de cerradão e mata atlântica, possui como símbolo uma espécie endêmica de pássaro (só encontrada por lá), o pequeno Soldadinho do Araripe, com sua crista vermelha que parece um quepe”.

Flores da Chapada do Araripe
  A arquiteta Maria Elisa Costa – filha do urbanista Lúcio Costa, que ajudou a planejar Brasília – era amiga da ex-reitora da URCA, Violeta Arraes. Esta convidou Elisa para projetar os jardins da reitoria da Universidade Regional do Cariri, em Crato. Ainda hoje Elisa guarda boas recordações do trabalho que fez aqui. Entrevistada pela revista Veja, Elisa declarou: "Descobri um Brasil que o litoral não conhece. Quem imaginaria, por exemplo, que há tantas flores no Crato?".  
 Informamos que o Guia de Plantas da Floresta Nacional (Flona) do Araripe-Apodi está disponível no site do The Field Museum, de Chicago (EUA). O endereço virtual hospeda guias de plantas, animais, algas, fungos e liquens de várias regiões do mundo.


                                                  Flor do maracujá. Foto de Jackson Bantim
A foto acima, com flores da Chapada do Araripe foi feita por Dihelson Mendonça.

Um valoroso caririense: Huberto Cabral
 As cidades são feitas primeiramente pelas pessoas. Pois seus moradores falam mais à alma do que os prédios e os cartões-postais. Uma das pessoas mais presentes na vida da cidade de Crato é o radialista, jornalista, memorialista e historiador Francisco Huberto Esmeraldo Cabral. Desde 1947, quando tinha dez anos idade, Cabral começou a participar dos acontecimentos da cidade natal, um dos enlevos da sua vida.
 Na sua trajetória profissional, Huberto Cabral exerceu inúmeros cargos, dentre eles o de Assessor de Imprensa da Prefeitura de Crato, Câmara de Vereadores e Assessor de Comunicação no início da Universidade Regional do Cariri. Ao longo da sua existência ele tem sido animador e organizador de inúmeras promoções de caráter cultural que se realizam em Crato desde o início da década 50 do século passado.
 Huberto Cabral sempre participou ativamente da organização da “ExpoCrato” o maior evento econômico-social do interior nordestino. São milhares as crônicas escritas e divulgadas por ele através dos meios de comunicação, as quais – se reunidas e publicadas – constituiriam o resgate das efemérides históricas, políticas e educacionais de Crato e do Cariri. Desde 1958 contribui com o Departamento de Jornalismo da Rádio Educadora do Cariri, hoje de forma voluntária e abnegada para difundir o Crato e o Cariri.
  Huberto Cabral é, merecidamente, mercê de seus dotes de espírito e prestimosidade uma biblioteca ambulante ou um professor sem cátedra da história do Sul do Ceará.  Atualmente, aos 81 anos de existência, contrariando uma tendência natural de que – com o avanço da idade ocorre um arrefecimento de ânimo, força ou disposição do ser humano ao trabalho – Huberto Cabral continua firme no seu “sacerdócio” cotidiano de prestar serviços à comunidade caririense. Serviço de boa qualidade, sem preocupação de colher louros, a não ser aqueles que venham beneficiar a todos incondicionalmente. Por essa história de vida, totalmente devotada à causa pública e ao progresso material e intelectual de nossa região, Huberto Cabral é merecedor de todo o nosso respeito e gratidão.

 Avança causa de beatificação de Benigna
 As ruas de Santana do Cariri foram tomadas, no último dia 24 de outubro de 2018, por uma multidão calculada em 30 mil pessoas, que reverenciou a memória da Serva de Deus Benigna Cardoso da Silva. A solenidade foi presidida pelo Bispo Diocesano de Crato, Dom Gilberto Pastana de Oliveira. Este, anunciou ao povo que a Comissão de Teólogos do Vaticano aprovou o processo de pedido de beatificação de Benigna Cardoso da Silva.
 Agora a próxima etapa é a avaliação dos Cardeais componentes da Congregação para a Causa dos Santos, cujo resultado será levado ao Papa. Este dará a palavra final para a beatificação de Benigna, filha de Santana da Cariri e primeira cearense com chance de galgar os altares da Igreja Católica.
  Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, em  Santana do Cariri. Foi assassinada em 24 de outubro de 1941,  na mesma cidade,  ao defender-se do assédio sexual por parte de um jovem da mesma idade, que, enfurecido, golpeou-a com um facão. Desde então, a menina Benigna se  tornou alvo de devoção por parte da população caririense  que a considera uma “mártir da castidade”. 
 Em 2011, a Diocese do Crato deu início ao seu processo de beatificação. Em 2013, a causa foi aceita pela Congregação para a Causa dos Santos, e Benigna foi declarada Serva de Deus. Agora em 2018, o processo de beatificação de Benigna foi aprovada pela Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano.

 O mais antigo engraxate de Crato
 Seu nome completo é Francisco das Chagas Amorim Damasceno. Mas se procurarem este nome na Praça Siqueira Campos, centro de Crato ninguém saberá informar. Já “Chaguinha”, o engraxate, não só é muito conhecido, como é figura popular na Cidade de Frei Carlos, onde nasceu e exerce sua profissão há cerca de 70 anos. 
 Um dos grandes presidentes da República brasileira – o visionário e injustiçado Juscelino Kubitschek – também foi engraxate, na sua infância pobre em Diamantina (Minas Gerais) sua cidade natal. Já o “Chaguinha de Crato” tem, o orgulho de ter lustrado os sapatos do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, quando este era ainda General, Comandante da 10ª Região Militar, com sede em Fortaleza,  e veio a Crato, pela primeira vez, em 1953. 
 Castello Branco foi, posteriormente, Presidente do Brasil, ou seja, foi Chefe de Estado e Chefe de Governo desta república, entre 1964 e 1967.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O lado pernambucano da Chapada do Araripe é uma extensão do Cariri 
  Ronaldo Correia de Brito (foto ao lado), viveu em Crato até os dezoito anos de idade. Daqui saiu para estudar em Recife, onde mora até hoje. Nos dias atuais, Ronaldo Correia de Brito é afamado romancista, contista, dramaturgo, documentarista, médico e psicanalista. Em 2009, ele recebeu o “Prêmio São Paulo de Literatura” e seu livro “Galileia” foi considerado o Melhor Livro do Ano.
 Quinzenalmente Ronaldo escreve e publica uma crônica, que é reproduzida em vários jornais da grande mídia brasileira. Tempos atrás ele escreveu uma, com o título “Os territórios afetivos”. A crônica versa sobre as cidades pernambucanas localizadas no entorno da Chapada do Araripe, consideradas “satélites” da conurbação Crajubar. Da crônica de Ronaldo transcrevemos os dois tópicos abaixo:
Os territórios afetivos – 1
                                                                   Araripina (PE)
 “As cidades do interior sertanejo são todas iguais. Há motos em excesso, o silêncio tornou-se mercadoria rara, os carros não param de circular, muita gente caminha de um lado para outro, ocupa ruas e praças como se nada tivesse o que fazer” (...) “Exu, Bodocó, Trindade, Ouricuri e Araripina, escolhidas para a jornada literária, mais parecem uma extensão do Cariri cearense. O sotaque, a culinária, os tipos físicos e as culturas se assemelham. Os moradores dali procuram Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, bem mais próximo do que o Recife, para atendimento médico e hospitalar, compra de mercadorias e o comércio do que produzem. Os estudantes universitários preferem as faculdades do Cariri a se deslocarem para a capital distante. Também buscam o ensino em Petrolina e cidades piauienses. Porém o Crajubar, nome que aglutina as iniciais das três cidades do Cariri, tornou-se naturalmente a capital da chapada”.
Os territórios afetivos –   2
                                                                             Ouricuri (PE)
 “É possível desenhar um mapa de cidades piauienses, cearenses e pernambucanas, formando uma região em que as fronteiras de estados foram abolidas. Um território com afinidades econômicas, históricas, geográficas, antropológicas e culturais, o parentesco do Araripe. Não existe desejo separatista, mas temos a impressão de que se trata de outro estado brasileiro, nascido da cumplicidade. Será que a aglutinação espontânea desenhou um novo mapa territorial?”

História: A antiga força da Igreja Católica no Cariri
                                        Catedral de Crato, no primeiro quartel do século passado

 A enorme influência que a Igreja Católica exercia sobre o povo do Cariri sofreu acentuada diminuição a partir do final dos anos 1950. Essa perda de prestigio foi agravada após a implementação, de forma açodada, de algumas medidas advindas do Concilio Ecumênico Vaticano II (1962–1965). Mesmo nos dias atuais, a mídia continua noticiando gravíssimos escândalos internos na Igreja Católica, aumentando, ainda mais, essa crise de influência. Entretanto, até segunda metade do século 20, no Cariri cearense, o poderio da Igreja Católica era forte e marcante.
  O médico-historiador Irineu Pinheiro relata no seu livro “Efemérides do Cariri” (páginas 224-225) o repúdio que os católicos cratenses manifestaram – em 1945 – a uma caravana, vinda de Fortaleza, para divulgar, no Cariri, os princípios sócio-políticos do Partido Comunista Brasileiro. O Brasil vivia, naquele ano, o fim da ditadura de Getúlio Vargas, que dominara – por 15 longos anos – a então “República dos Estados Unidos do Brasil” (era este o nome oficial da nossa pátria). A abertura democrática pós-ditadura Vargas possibilitava a fundação de novos partidos políticos, dentre eles o Partido Comunista Brasileiro, inspirado na ideologia marxista.
 Bastou o segundo Bispo de Crato, Dom Francisco de Assis Pires, se pronunciar contra a realização do comício dos comunistas, previsto para a noite de noite de 9 de setembro de 1945, na Praça Siqueira Campos, para cerca de cinco mil cratenses saírem às ruas, à última hora, dando “vivas à Igreja Católica e morras ao comunismo”. O povo conduzia quatro bandeiras (uma delas era a do Brasil) e pôs em fuga os comunistas presentes em Crato.

Nova tentativa frustrada
 Em 21 de novembro de 1945 os comunistas retornaram ao Cariri e realizaram um comício na Praça de Cristo Rei. Segundo Irineu Pinheiro: “Foram vaiados os oradores pelos assistentes”. Os militantes comunistas, ante a intensidade do protesto popular buscaram refúgio no Bar Cairu, localizado na Rua João Pessoa. Nesse interim, uma grande procissão de fiéis católicos saía da Sé Catedral conduzindo a imagem histórica de Nossa Senhora da Penha, vindo atrás dela o Bispo Diocesano.  Reza a tradição que a caravana dos comunistas fortalezenses só não foi agredida pela população porque Dom Francisco de Assis Pires entrou no bar (onde os comunistas tinham se refugiado) e garantiu a integridade física deles. O Bispo Diocesano apenas aconselhou-os a irem para o hotel e embarcarem no próximo trem com destino a Fortaleza. Foi o que eles fizeram.

Juazeiro do Norte, o chão dos místicos
  Muitas pessoas com fama de santidade viveram em Juazeiro do Norte. Uma dessas foi o Padre Francisco Pinkowski, sacerdote pertencente à Ordem Salesiana, nascido na Polônia em 1882. Ainda criança foi estudar em Turim, na Itália. Lá, teve a maior alegria da sua vida: conhecer pessoalmente São João Bosco.  Ainda adolescente, Francisco Pinkowski foi enviado para Montevidéu, no Uruguai, onde se ordenou sacerdote em 1920.
 De lá foi enviado para o Brasil, para Pernambuco, onde residiu de 1921 a 1939.  Transferido, em seguida, para Fortaleza, no Ceará, exerceu várias atividades pastorais entre os anos 1940-1943. De Fortaleza veio para Juazeiro do Norte, onde viveu os anos 1944-1945. Mandaram-no oura vez a Pernambuco, em 1946. Sua saudade de Juazeiro do Norte fê-lo retornar à Terra do Padre Cícero onde viveu seus últimos anos de vida. Ali faleceu, em 15 de abril de 1979, aos 96 anos de idade. Foi sepultado, no dia seguinte, no interior da Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Ainda hoje sua sepultura é muito visitada. Fiéis dão testemunho de graças alcançadas pela intercessão daquele santo sacerdote.
  Sobre este sacerdote escreveu o escritor Mário Bem Filho: “Em Juazeiro do Norte, Padre Francisco Pinkowski, apesar da idade avançada, jamais se deixou vencer pelo cansaço. Levantava-se cedo e começava a rezar o terço e, após meditação, celebrava a Santa Missa. Posteriormente começava a atender às confissões, saindo, em seguida, sempre a pé, para prestar assistência aos enfermos pobres que habitavam a periferia de Juazeiro do Norte. Seu maior sonho era ver concluída a construção da igreja do Sagrado Coração de Jesus, o que conseguiu realizar.

Um fato extraordinário teria acontecido com o Pe. Francisco Pinkowski
 Conta-se, em Juazeiro do Norte, uma história de domínio público. Certa manhã, Pe. Francisco foi chamado para dar a extrema-unção (hoje chamam de Unção dos Enfermos) a uma moribunda que residia na Rua da Palha, então periferia daquela cidade. Saiu a pé, carregando a hóstia consagrada, estola, livro-devocionário e um recipiente com água benta.  Em lá chegando, Padre Francisco Pinkowski entrou numa pequenina palhoça, coberta de palha e chão de barro, destituída de qualquer móvel, onde pudesse colocar os objetos sagrados. Constrangido, por não querer colocar esses objetos no chão, eis que entra, na palhoça, um rapazinho de boa aparência, bem vestido e pede ao Padre Francisco para segurar os objetos, enquanto o sacerdote colocava a estola sobre os ombros. Após cumprir a tarefa o rapazinho se afastou do pequeno recinto.
 A sós com a moribunda, Padre Francisco ouviu-a em confissão, deu a comunhão e procedeu à Unção dos Enfermos. Ao sair, perguntou a algumas pessoas que estavam do lado de fora da choupana:
– Onde está aquele mocinho que segurou meus objetos? Gostaria de agradecer-lhe...
 Para sua surpresa, os moradores insistem em dizer que, na palhoça, não entrara ninguém. Padre Francisco retornou ao Colégio Salesiano um tanto intrigado com o fato. Chegando ao Colégio, entrou na antiga capela do educandário. Foi quando seus olhos se fixaram num altar e ele viu uma imagem de São Domingos Sávio. Emocionado, reconheceu naquele santo o rapazinho que o ajudara, momentos antes, no tugúrio da enferma, a quem dera assistência espiritual

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A cultura da cana de açúcar no Cariri
                                                                  Engenho típico do Cariri cearense

    Nos dias atuais, o Sul do Ceará, passa por um processo de transformação, em todos os sentidos da vida, o que levou muitas de suas práticas e atividades tradicionais ao desaparecimento. No setor da economia do Cariri, uma das atividades do passado, praticamente extinta, foi o cultivo de cana de açúcar, a qual perdurou desde o início do povoamento desta região – início do século 18 – até princípios da década 1960.
   Segundo a arquiteta e historiadora Maria Yacê Carleal Feijó de Sá (autora de um monografia de Mestrado “Os Homens que Faziam o Tupinambá Moer”, UFC, 2007), os brejos do Cariri, desde a época da distribuição das sesmarias, já passaram a ser tomados pela plantação da cana-de-açúcar, de forma que antes mesmo de 1725 já funcionavam as primeiras estruturas que fabricavam o melado e a rapadura na região. No ano de 1765, estima-se que já existiam 37 unidades fabricando mel e rapadura no Cariri. Segundo Yacê, em 1858 já existiam cerca de 300 engenhos de fabrico de rapadura no Cariri, e desses, 72 engenhos ficavam no pé de serra e no brejo do município de Barbalha.
  No Cariri, os engenhos passaram por três fases. Na primeira, no século XVIII, como a água nas nascentes eram abundantes, as moendas eram movidas pela força hídrica. A segunda fase foi a tração do boi que movia as moendas dos engenhos. Por fim, veio a fase dos engenhos de ferro. Os primeiros desse tipo foram trazidos, possivelmente, de Pernambuco.
   Mas essa atividade econômica, que gerou tanta riqueza, que fez surgir uma aristocracia ruralno Sul do Ceará, que fez o Cariri progredir, desapareceu. Hoje, em Barbalha, existem apenas cinco engenhos, que se mantêm com pequena atividade. Desses, dois fabricam somente rapadura e, os outros três, além do doce, fazem cachaça, batida e alfenim. Mas todos só trabalham por encomenda.
    Para conhecer mais sobre o assunto, existe um pequeno livro – “Engenhos de Rapadura do Cariri” – escrito pelo historiador J. de Figueiredo Filho, com uma segunda edição publicada em 2010, pelas Edições UFC, da Universidade Federal do Ceará.

Instituto Cultural do Cariri vai fundar o “Museu do Engenho de Rapadura”
 A atual direção do Instituto Cultural do Cariri-ICC está elaborando um projeto para criação do Museu do Engenho de Rapadura do Cariri. Excelente iniciativa para uma cidade onde o Poder Público Municipal fechou, há dez anos, os dois maiores museus públicos: o Museu de Artes Sinhá D’Amora e o Museu Histórico de Crato. Este último criado pelos fundadores do Instituto Cultural do Cariri.
 Explica o Presidente do ICC, o advogado Heitor Feitosa,  que a ideia de fundação do Museu do Engenho de Rapaduras do Cariri surgiu pela nostalgia da população caririense com o fim da exploração da cana de açúcar, que era o carro-chefe da economia do Sul do Ceará. Diz Heitor Feitosa que esse fim foi danoso tanto à história, como à memória do Cariri.  

65 anos da revista “A Província”
 Fundada em 1953, a revista “A Província” é a mais antiga publicação cultural da cidade de Crato. Bom lembrar que a revista “Itaytera”, órgão oficial do Instituto Cultural do Cariri, só teve seu primeiro número lançado em 1955.
 No seu próximo número, “A Província” prestará uma homenagem ao escritor F.S. Nascimento, um dos seus fundadores, recentemente falecido. Os outros dois fundadores da revista, também falecidos, foram   Florisval Matos e Humberto Cordeiro. 
 “A Província”, nos dias atuais, é fruto da teimosia e perseverança do Prof. Jurandy Temóteo, diretor e redator da revista. Jurandy vem publicando “A Província” todos os anos. Existem anos que ele chega a publicar dois números da revista, cujo lema é: "O universal pelo regional". Coerente, pois, com esse objetivo embutido, verifica-se que não precisa ser cratense para ser alcançado pelos conteúdos do periódico. Os assuntos tratados, na sua maioria, extrapolam o regional e têm essa conotação universal.

Jornalistas do Cariri: José Joaquim Teles Marrocos
    Fátima Menezes – em “Síntese Biográfica”, página 6 – escreveu que José Joaquim Teles Marrocos nasceu em Crato, no dia 26 de novembro de 1842, filho do Padre João Marrocos Teles. A respeito de sua mãe, pouco se sabe. Apenas que “era filha de escravos e residia nas proximidades de Crato”. José Marrocos era primo e amigo do Padre Cícero Romão Batista.
  Raimundo de Oliveira Borges, – no livro “O Crato Intelectual”, páginas 19/20, – escreveu que José Marrocos foi jornalista, latinista, abolicionista e uma das principais campanhas pró-abolição da escravatura na Província do Ceará. Escreveu em vários jornais do Rio de Janeiro e de Fortaleza, defendendo com destemor a extinção da escravatura. Na verdade, o professor José Joaquim Teles Marrocos foi muito mais. Foi educador e fundador de várias escolas na atual conurbação Crajubar; católico fervoroso e formador de várias gerações de caririenses. 
  Em 1908 deixou de residir em Crato e se fixou em Juazeiro do Norte. Passou a fazer parte desta última cidade. Não somente por ser um defensor ardoroso do que se convencionou chamar “O milagre da hóstia”, fenômeno verificado, diversas vezes, quando a Beata Maria de Araújo recebia a Santa Comunhão, mas por outras atividades no setor da educação e como jornalista. Foi redator do jornal “O Rebate”, publicado em Juazeiro do Norte, que defendia a emancipação da então “Vila do Joaseiro”, à época pertencente ao município de Crato.
 Ao falecer, em 14 de agosto de 1910, estava escrevendo um livro, “A Questão Religiosa de Juazeiro”, obra que nunca foi publicada. Está sepultado no Cemitério do Socorro, ao lado do túmulo do Beato José Lourenço. em Juazeiro do Norte.
                                 Foto do velório do Prof. José Marrocos em 15 de agosto de 1910.

História: O primeiro vigário de Juazeiro do Norte
  Quando o primeiro Bispo de Crato, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, criou a Paróquia de Juazeiro do Norte – em janeiro de 1917 – designou para administrá-la um dos mais cultos e virtuosos sacerdotes da nova Diocese:  o Padre Pedro Esmeraldo da Silva. Este era considerado o maior orador sacro da Diocese de Crato.
  Nascido em Crato, em 29 de janeiro de 1876, Pedro Esmeraldo de Crato ingressou, ainda criança, no Seminário São José de Crato. Lá, fez o curso primário. Adolescente, seguiu para o Seminário de Olinda, onde fez os estudos preparatórios para o sacerdócio. Transferiu-se para o Seminário de Fortaleza, onde fez o curso de Teologia. Não tendo idade canônica para ser ordenado padre, continuou no
Seminário de Fortaleza como professor.
   Voltando a sua cidade natal foi um dos sacerdotes que reabriram o Colégio São José, o qual depois teria o nome mudado para Ginásio do Crato e, posteriormente, Colégio Diocesano do Crato. Em 1917, Mons. Esmeraldo foi nomeado o primeiro Vigário da Paróquia de Nossa Senhora das Dores de Juazeiro do Norte. Saiu dali para exercer o cargo de Cura da Catedral de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Anos depois retornou ao Ceará e pediu ao Bispo de Crato que o nomeasse, novamente, como Vigário de Juazeiro do Norte. Morreu nessa função, no dia 1º de outubro de 1934, de um enfarto fulminante. O povo de Juazeiro levou, a pé, o corpo do seu vigário para ser sepultado no cemitério de Crato.

Faleceu o sacerdote mais velho da Diocese de Crato
                                Monsenhor Aluízio celebrou a missa durante 80 anos de sua existência

    Faleceu no último dia 5 de outubro, em Fortaleza, o decano do clero cratense. O título cabia por direito ao Monsenhor Aluízio Rocha Barreto, o qual, nesta quarta-feira, de outubro de 2018, teria completado 104 anos de idade. Ele já residia há várias décadas na capital cearense.
   Monsenhor Aluízio Rocha Barreto nasceu em Missão Velha, em 10 de outubro de 1914. Ele veio ao mundo dez dias antes da criação da Diocese de Crato, fato ocorrido em 20 de outubro de 1914, por ato do Papa Bento XV.  Por isso, Monsenhor Aluízio também festejou seu centenário de nascimento, no mesmo ano e mês que a Diocese de Crato comemorava o centenário de sua criação.
  Em fevereiro de 1934, o seminarista Aluízio Rocha Barreto já estava estudando no Seminário Provincial de Fortaleza, aonde foi ordenado sacerdote no dia 5 de dezembro de 1937.  Foi designado, dias depois, como vigário cooperador de Missão Velha, sua cidade natal. Em 1939 foi nomeado vigário do município de Farias Brito. Em 1940 e 1941 vamos encontrá-lo como professor do Colégio Diocesano de Crato.  Depois dessas atividades, Monsenhor Aluízio Rocha Barreto deixou a diocese de Crato indo exercer pastoreio na Diocese de Caicó, no Estado do Rio Grande do Norte. A partir de 1958 fixou residência em Fortaleza, aonde residiu durante 60 anos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

65 anos do Instituto Cultural do Cariri–ICC
  Iniciadas em 06 de setembro de 2018, com o lançamento do livro-póstumo de Manoel Patrício de Aquino (“Alguma Coisa”), as comemorações alusivas aos 65 anos de fundação do Instituto Cultural do Cariri–ICC, prosseguiram no dia 28, do mesmo mês, com o lançamento do livro “Dormindo à Borda do Abismo”, de José Flávio Vieira.
   As festividades prosseguirão nesta 5ª feira, 4 de outubro, com uma sessão comemorativa pelos 65 anos de fundação do ICC. Será às 19:00h. na sede da instituição com hasteamento de bandeiras, replantio de um mandacaru (árvore símbolo do ICC) e lançamento do número 47 da revista Itaytera, alusiva a 2018.
    Na mesma ocasião será oficialmente lançado o site do ICC na Internet. Este site disponibilizará, para consultas, a coleção digitalizada completa da revista “Itaytera”. Nessa sessão serão abertas as comemorações pelo centenário de nascimento dos ex-sócios Alderico de Paulo Damasceno, Pe. Antônio Vieira e José do Vale Arraes Feitosa. Um coquetel será servido aos presentes.
         
No próximo dia 18 de outubro de 2018, será celebrada uma missa comemorativa aos 65 anos de fundação do Instituto Cultural do Cariri, na Catedral de Nossa Senhora da Penha. No dia 09 de novembro vindouro haverá sessão de homenagem aos fundadores e ex-presidentes do Instituto Cultural do Cariri. Será orador oficial o repórter da Rede Globo, e sócio do ICC, jornalista Francisco José de Brito. Ele é titular da Cadeira 17, que tem como patrono o jornalista João Brígido.
    Finalmente, nas datas 20 e 21 de dezembro de 2018, será realizada a 1ª Festa do Livro do Cariri–FLICA, tendo como local a Praça Siqueira Campos. Naquelas datas haverá lançamentos e venda de livros, apresentações musicais, folclóricas e danças, exposição de arte, desfile de modas e mesas redondas, dentre outras atrações. 

A presença da Igreja Católica na formação do Cariri
 Capela  de Santo Inácio de Loyola, localizada no Sítio Caldeirão, no município de Crato. Este pequeno templo foi construído pelo Beato José Lourenço
 
  A Igreja Católica contribuiu de forma decisiva para a formação da sociedade caririense. As cidades do sul-cearense, em sua maioria, surgiram ao redor de um templo católico. Geralmente uma capelinha construída numa pequena comunidade. Os santos faziam parte das nossas famílias nos albores do Cariry Novo. E estavam presentes na rotina do povo, tanto da zona rural, como das pequenas vilas, a partir dos anos de 1700. As relações entre Igreja Católica e as instituições governamentais foram estreitas no Sul do Ceará. 
   Tanto no tempo do Brasil-Colônia, quanto no Brasil-Império. Essa relação garantia a disciplina social da nossa sociedade. Ademais, a Igreja, por ser a religião oficial do Brasil, também executava no Cariri as tarefas administrativas que hoje são atribuições do Estado. A exemplo do registro de nascimentos, mortes e casamentos. Somente a partir do golpe militar de 15 de novembro de 1889, começou a declinar a influência do catolicismo na vida dos caririenses.

A religiosidade do povo caririense
                                        Igreja-Matriz de Senhora Santana, na cidade de Santana do Cariri

   O médico-historiador Irineu Pinheiro sintetizou, com rara felicidade, a principal característica do povo caririense: a religiosidade. No livro “O Cariri”, publicado em 1950, escreveu ele que essa característica foi preponderante na formação do caririense. A conferir: 
   “Foi sempre muito religioso, inda hoje o é, o povo do Cariri. Vive, como todo cearense, a apelar para a misericórdia divina, no decurso de sua existência entremeada de épocas de fartura e felicidades e misérias e morte. Cite-se, aqui, um exemplo da fé inabalável da mulher sertaneja. Em quaisquer perigos, em momentos, por exemplo, de grandes chuvas acompanhadas de relâmpagos e trovões de estalo, costuma ela ajoelhar-se diante de seus humilíssimos registros de santos e rezar o rosário apressado da Virgem da Conceição”. (...) “Em toda a zona do Cariri, também nos sertões circunvizinhos, extremou-se a religiosidade popular”

A força da Igreja Católica no Cariri
   A bem dizer, a Igreja Católica foi a bússola usada para guiar as populações caririenses desde o povoamento do Sul do Ceará.  Missão Velha e Crato – as duas mais antigas povoações do Cariri – nasceram como frutos do trabalho evangelizador dos frades franciscanos capuchinhos, que aqui atuaram a partir do início do século 18, ou seja na primeira década de 1700. Passados 318 anos, a conduta dos caririenses – sua cultura, mentalidade, usos e costumes, enfim, muito do que diz respeito à prática religiosa do nosso povo – deve-se a sua relação com esses missionários franciscanos que habitaram entre nós.
    Ainda hoje nossas cidades são tituladas, e até conhecidas, pela herança da evangelização católica. A “Terra do Padre Cícero ou “A Terra da Mãe de Deus” (Juazeiro do Norte); “A Terra de Santo Antônio” (Barbalha); “A Terra de São José” (Missão Velha) ou “A Cidade de Frei Carlos” (Crato), são exemplos mais conhecidos. Mas é comum, à entrada das cidades caririenses, a existência de arcos ou monumentos dedicados aos seus padroeiros. Falar em Padroeiros, as suas festas representam, ainda hoje, grandes manifestações coletivas de fé e interação social. Algumas têm registros no nosso patrimônio histórico.

Os santos padroeiros dos municípios caririenses
 Procissão a Nossa Senhora da Penha -- Imperatriz e Padroeira da cidade de Crato -- no último dia 1º de setembro

  Festas como a de Nossa Senhora das Dores (Rainha e Padroeira de Juazeiro do Norte) e a de Santo Antônio (Padroeiro de Barbalha) obtêm repercussão nacional e são divulgadas pela grande mídia televisiva do Brasil. Mas não só estas. Repercussões menores, mas também significativas, atraem multidões para os festejos de Nossa Senhora da Penha (a “Imperatriz de Crato”, como reza a tradição mais do que bicentenária), de São Raimundo Nonato (Padroeiro de Várzea Alegre), de São José (Padroeiro de Missão Velha e Potengi). Outras festas de Padroeiros estão inseridas no calendário turístico do Cariri: Santa Teresa D’Ávila (Altaneira), Santo Antônio (Antonina do Norte, Araripe, Barro e Jardim), Nossa Senhora das Dores (Assaré e Jamacaru), São Pedro (/Caririaçu), Senhora Santana (Jati e Santana do Cariri), Nossa Senhora da Conceição (Mauriti e Porteiras), Nossa Senhora dos Milagres (Milagres), São Sebastião (Nova Olinda). Todas essas cidades realizam festejos significativos paras seus Patronos e Patronas.

A capela de São Sebastião dos Currais
   Quem percorre a estrada Barbalha-Arajara-Crato, em direção à última cidade, é surpreendido — cerca de cinco quilômetros, antes de chegar ao destino — quando avista, no lado direito, uma singela e respeitável capelinha, típica dos templos rurais do século 19. Trata-se da Capela de São Sebastião, do sítio Currais, erguida para atestar, às gerações futuras, uma grande graça concedida por Deus, à população daquela localidade, na segunda metade do século 19.
    Damos a palavra ao historiador Irineu Pinheiro que fez menção deste fato no seu livro “O Cariri”, página 245: “Em 1862 prometeu o major Felipe Teles Mendonça erigir uma capela em seu sítio Currais, a uma légua do Crato, dedicada a São Sebastião, se não morresse de cólera-morbo nenhum dos membros de sua família ou de seus moradores. Naquela época a epidemia do mal asiático abateu milhares de pessoas em todo o Ceará. Nada sofreram o major Felipe e os de sua casa e sítio. Em 12 de outubro de 1863, para cumprir o seu voto, pediu ao Bispo Dom Luiz Antônio dos Santos licença para edificar a igrejinha, licença que lhe foi dada no dia 13 do mesmo mês e ano, depois de informação favorável do vigário de Crato, Pe. Joaquim Aires do Nascimento. Mas só em 1888, após ter o segundo Bispo do Ceará, Dom Joaquim José Vieira, confirmado a graça concedida por D. Luiz, foi erguida a capelinha e benzida pelo vigário do Crato, Antônio Fernandes da Silva”. 

História: Sesquicentenário da Casa de Caridade de Crato
                                       Como era a Casa de Caridade de Crato até a década 1950

   No próximo ano – mais precisamente em 07 de março de 2019 – será festejado os 150 anos de inauguração da Casa de Caridade de Crato. O médico-historiador José Flávio Vieira, no seu mais recente livro (“Dormindo à Borda do Caminho – A Medicina no Cariri Cearense–1800-1900”, na página 146) fez uma retrospectiva daquela instituição, fruto do trabalho apostólico do Servo de Deus Padre José Antônio de Maria Ibiapina.
    Dentre outras informações, José Flávio publicou: “ (A Casa de Caridade de Crato) Teria uma longa e profícua atividade, permanecendo em funcionamento por quase cem anos. Na Casa de Caridade de Crato, além das funções habituais da instituição, montou-se um Gabinete de Leitura (talvez a primeira biblioteca da cidade) e que em notícia de 20 de março de 1870, na “Voz da Religião do Cariry”, possuía 45 volumes”. Número considerável para aquela recuada época.
    As instalações da Casa de Caridade de Crato também abrigaram, em caráter temporário, (a partir de 23 de dezembro de 1936), o recém-criado Hospital São Francisco de Assis de Crato, iniciativa do 2º Bispo da nossa diocese, Dom Francisco de Assis Pires.
    Apesar de o prédio ter sido descaracterizado (por reformas feitas sem preocupação de preservar o aspecto original do prédio), a Casa de Caridade de Crato se constitui num edifício que deveria ser tombado pelo Patrimônio Histórico do Ceará. Aquele imóvel perdeu, é verdade, muito da sua bonita fachada. Na década 50 do século passado foram destruídas, também, suas centenárias árvores fruteiras e outras plantas ornamentais que ficavam onde hoje estão localizados os prédios do Colégio Madre Ana Couto e da Rádio Educadora do Cariri. Entretanto, aquele conjunto arquitetônico ainda é um resquício do que foi, tempos atrás, a beleza do estilo que dominou o patrimônio imobiliário da Cidade de Frei Carlos.

Escritores do Cariri: Irineu Pinheiro
  Nascido em 6 de janeiro de 1881, em Crato, Irineu Nogueira Pinheiro é considerado um dos mais respeitados e produtivos intelectuais do Cariri. Estudou em Crato (Seminário São José), Fortaleza, Recife e no Rio de Janeiro, cidade onde concluiu o curso de medicina, na turma de 1910.
  Estudioso da História, foi “o maior pesquisador dos “fastos” regionais”, na feliz expressão do Dr. Raimundo de Oliveira Borges. Deixou vários livros publicados, dentre eles: “Um Caso de Dexiocardia”, “O Juazeiro do Padre Cícero e a Revolução de 1914”, “José Pereira Filgueiras”, “ Joaquim Pinto Madeira”, “Cidade do Crato”, “Morte do Capitão J. da Penha”, “O Cariri” e “Efemérides do Cariri”. Foi um dos fundadores e primeiro presidente do Instituto Cultural do Cariri.
  Foi Inspetor Federal do Colégio Diocesano; professor do Seminário São José; Sócio-Correspondente da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará.  Colaborou com os jornais de Fortaleza e com os periódicos de Crato (“A Região”, “Correio do Cariry” e “A Ação”). Teve intensa participação nos movimentos que trouxeram progresso para sua cidade natal, sendo fundador e primeiro presidente do Rotary Clube de Crato e Presidente do Banco do Cariry, a primeira instituição de crédito do interior cearense, fundada por Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva.
   Faleceu, em 21 de maio de 1954, na cidade de Crato, vítima de colapso cardíaco, enquanto – com a caneta à mão –  escrevia a um amigo de Fortaleza sobre o último livro que produziu: “Efemérides do Cariri”.

LEIA DE NOVO