segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Igrejas de Juazeiro do Norte: a do Sagrado Coração de Jesus, dos Salesianos
A construção durou mais de 20 anos
    Juazeiro do Norte é conhecida como a cidade das grandes igrejas católicas. Dentre elas,  a do Sagrado Coração de Jesus é uma das mais novas. Neste 2018 essa igreja completou 40 anos de sua inauguração. Mas levou muito tempo para ser construída. Abaixo nota publicada pelo site Miséria sobre este aniversário:

“O Santuário do Sagrado Coração de Jesus ou Igreja dos Salesianos em Juazeiro do Norte, cuja inauguração aconteceu no dia 7 de maio de maio de 1978, comemora hoje, 40 anos daquela grande festa. O templo se constitui num dos mais belos do município por conta do seu projeto arquitetônico no estilo barroco europeu, com traços de exuberância. As obras começaram em meados da década de 50 um terreno doado pela prefeitura onde existia a Praça Pio XII e duraram pouco mais de 20 anos.

A benção da pedra fundamental foi procedida pelo Padre Renato Ziggiotti, quinto sucessor de Dom Bosco. Sua idealização tem a ver com um sonho e desejo do Padre Cícero apresentado aos religiosos da ordem salesiana. Outra curiosidade, é que a imagem do Sagrado Coração de Jesus presente no altar foi fabricada por alunos salesianos de Gênova, na Itália. 

Já a criação da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, por iniciativa do terceiro Bispo Diocesano de Crato, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos, tinha ocorrido cerca de três anos antes. Na placa de inauguração constam o reconhecimento ao voto do Padre Cícero, a dedicação do Padre Nestor e a ajuda dos fiéis. Na época, o presidente da República era o General Ernesto Geisel; o governador do Ceará, Waldemar Alcântara e o prefeito de Juazeiro do Norte, Ailton Gomes de Alencar. Todos falecidos.

O Santuário abriga ainda imagens que tinham sido trazidas de Roma pelo próprio padre Cícero quando viajou em busca de suas ordens sacerdotais. Muitos foram os párocos que por ali passaram sempre promovendo um edificante trabalho de evangelização com o apoio de dezenas de pastorais da Paróquia”.  

 A igreja do Coração de Jesus, hoje

Barbalha: Festa do Pau da Bandeira reconhecida como patrimônio cultural do Ceará
    Após apresentação do excelente relatório do Conselheiro José Luís Lira, o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa) declarou a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha como “Patrimônio Cultural do Estado do Ceará”.  Desde 2015 essa festa tinha sido reconhecida, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como “Patrimônio Imaterial Brasileiro”. O reconhecimento, agora, por parte do Estado é, seguramente, mais uma razão para a salvaguarda desse evento e melhoria de sua realização anual.

     Na sua monografia de mestrado, o Prof. Océlio Teixeira de Sousa, do Departamento de História da Universidade Regional do Cariri afirma: “O Cortejo do Pau da Bandeira consiste no carregamento de um grande mastro do sítio São Joaquim (nos últimos 4 anos o pau tem sido retirado do Sítio Flores, distante cerca de 10 km da sede do município), que dista 5 km da cidade de Barbalha, até a Praça da Igreja Matriz, onde é levantado com a bandeira de Santo Antônio. Não se sabe com precisão quando ocorreu o primeiro cortejo com o mastro da bandeira do Santo Padroeiro”.

     Já no documento de reconhecimento do Iphan consta: “A Festa de Santo Antônio é uma referência cultural do barbalhense e independente do reconhecimento de um órgão público, como é o Iphan, junho é e permanecerá sendo tempo de celebrar Santo Antônio em Barbalha e em inúmeras cidades brasileiras em seus folguedos juninos – que assumem formas e sentidos diversos – até que os grupos sociais que as agenciam considerem-nas pertinentes. E em Barbalha, a celebração a Santo Antônio ganha contornos particulares por meio do Carregamento do Pau da Bandeira”.

Caririenses ilustres: Antônio Xavier de Oliveira
   Médico, escritor e político, Antônio Xavier de Oliveira nasceu em Juazeiro do Norte, em 9 de outubro de 1892 e faleceu em 6 de fevereiro de 1953, no Rio de Janeiro (onde se fixara após sua formatura em medicina). Na política, chegou a ser deputado federal – eleito pelo Ceará – e participou da Assembleia Constituinte de 1934 (a segunda constituição republicana dentre as seis promulgadas pelos governos republicanos do Brasil).

    Escreveu o livro “ Beatos e cangaceiros” (1920); “O magnicida Manso de Paiva — um aspecto clínico e médico-legal de sua psicopatia” (tese do seu doutorado em  medicina, 1928); “Intercâmbio intelectual americano” (1930); “Espiritismo e loucura” (1931); “O Exército e o sertão (1932); “Cardeal Pacelli  no Brasil (1942) e “Pio XII no Brasil”, este último somente publicado após sua morte, dentre outros. 

      Em 1967, na administração do Prefeito Mauro Sampaio, foi fundado o Ginásio Municipal Antônio Xavier de Oliveira, que prestou relevantes serviços à educação de Juazeiro do Norte. Este educandário (única homenagem prestada pela terra natal à memória do seu filho, Dr. Antônio Xavier de Oliveira) teve, anos depois, suas atividades encerradas.
           Para a época o prédio do Ginásio Antônio Municipal  Xavier de Oliveira era imponente

Instituto Cultural do Cariri vai comemorar centenário de nascimento do Prof. José do Vale
    No próximo dia 13 de abril de 2019, o Instituto Cultural do Cariri–ICC comemorará os cem anos de nascimento do Prof. José do Vale Arraes Feitosa. Além de algumas solenidades cívicas e religiosas, previstas para resgate da memória deste ilustre educador, o ICC lançará uma “edição extra” da revista “Itaytera”, toda ela dedicada à vida do Prof. José do Vale.

     O Prof. José do Vale lecionou, durante décadas, em educandários cratenses, dentre os quais: Colégio Diocesano de Crato, Colégio Estadual Wilson Gonçalves, Escola Agro Técnica Federal de Crato, Ginásio Municipal Pedro Felício Cavalcanti.  Era sócio do Instituto Cultural do Cariri e foi um modelo de cidadão para a comunidade onde viveu praticamente toda a sua existência.

Cronologia da vida do Prof. José do Vale

1919 – 11 de abril, nasce José do Vale Arraes Feitosa, na Fazenda Cana Brava, em Parambu (CE).

1936–1941 – Aluno do Seminário Diocesano São José, na cidade de Crato.

1942 – Início de suas atividades como Professor, no Colégio Diocesano de Crato.

1946 – Casamento com Maria Gisélia Pinheiro Feitosa, com quem teve seis filhos.

1965 – 30 de janeiro, morte de Maria Gisélia Pinheiro Feitosa.

1968 – Casamento com Maria do Carmo Feitosa, com quem teve dois filhos.

1997 – 19 de outubro, o Prof. José do Vale morre, após pertinaz doença, morre num dos leitos do Hospital São Francisco, em Crato.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Construção do Centro Cultural do Cariri será iniciado em 2019
 Prédio do antigo Seminário Apostólico da Sagrada Família, na cidade de Crato, onde será instalado o Centro Cultural do Cariri

     A Prefeitura de Crato adquiriu o imenso conjunto arquitetônico onde funcionou o Seminário Apostólico da Sagrada Família (depois serviu como Hospital Regional Manoel de Abreu), localizado no bairro Recreio. O prédio será doado ao Governo do Ceará, que o restaurará, e lá fará funcionar o Centro Cultural do Cariri, que funcionará nos moldes do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar, de Fortaleza.
      Segundo anunciou o Governador Camilo Santana, o Centro Cultural do Cariri será uma grande arena e anfiteatro, com cinema, área de exposições, teatro, área de lazer, biblioteca, livrarias, memoriais, amplo estacionamento, dentre outros benefícios.

A Vila da Música do Belmonte
         Outro equipamento cultural de grande importância é a Vila da Música, construída pelo Governo do Ceará, no bairro Belmonte, no sopé da Chapada do Araripe, na cidade de Crato. Trata-se do primeiro equipamento cultural do gênero, construído pelo Governo do Estado, no interior cearense. Um espaço que conta com infraestrutura moderna e dedicada a atender estudantes – crianças, jovens e adultos -, distribuídos em diversos cursos de diversos instrumentos, como violino, viola, violoncelo, contrabaixo e violão.
     A Vila de Música funciona numa parceria do Governo do Ceará – através da Secretaria da Cultura – com a tradicional escola de música Sociedade Lírica de Belmonte (Solibel), fundada por Mons. Ágio Augusto Moreira na década de 1970. Esta instituição tem como temas centrais a socialização, a formação humana e o ensino musical, diretrizes estas que foram incorporadas à Vila da Música, fomentando a cidadania através da educação musical e criando oportunidades para o desenvolvimento humano, econômico e territorial sustentável.

Patrimônio histórico do Cariri: o relógio da Catedral de Crato
     O velho relógio da Catedral de Crato continua batendo as horas, 155 anos depois de inaugurado. Ele foi adquirido na fábrica Ungerer & Frères, localizada em Estrasburgo (França), e assentado, pelo artesão Vicente Ferreira da Silva, na então Matriz de Nossa Senhora da Penha, no dia 21 de janeiro de 1863. O relógio foi oficialmente entregue à população de Crato, no dia 12 de outubro daquele ano, por ocasião da primeira visita pastoral feita ao Cariri pelo primeiro bispo do Ceará, Dom Antônio Luís dos Santos.
     A iniciativa da compra desse relógio coube ao vigário colado da freguesia, Padre Manuel Joaquim Aires do Nascimento, que o adquiriu por intermédio do Dr. Marcos Antônio de Macedo. Consoante informação do historiador Irineu Pinheiro, o relógio da Matriz de Crato foi considerado, “naqueles tempos, um dos melhores do Império”.
    Decorridos 155 anos da sua instalação, o velho relógio da Sé de Crato ainda marca as horas com exatidão. Em 2003, o ex-Cura da Catedral, Monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, escreveu à fábrica de relógios Ungerer solicitando informações sobre o equipamento adquirido para a Paróquia de Nossa Senhora da Penha, no terceiro quartel do século XIX.
Acima, Theodore Ungerer, construtor do Relógio da Catedral de Crato,
Crédito: site: http://phaffans.com/wp/?tag=equation-du-temps

A carta-resposta recebida pelo Monsenhor
   Transcrevemos abaixo a correspondência recebida – e traduzida – por monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo:

“Estrasburgo, 6-11-2003
A Mons. João Bosco Cartaxo Esmeraldo
Vigário Geral da Diocese de Crato-CE

Monsenhor,Queirais perdoar o atraso desta resposta à vossa simpática mensagem de 21 de janeiro de 2003 e vossa carta de 7 de maio ao Vigário Geral de Estrasburgo, que me chegaram, há algumas semanas, somente após três meses de ausência.

Eu sou filho caçula de Thédore Ungerer (1894-1935) construtor do relógio Astronômico de Messina (Sicília) (1933), o maior do mundo com 50 autômatos, dos quais 48 desenhados por meu pai.

Para responder à vossa questão se há ainda a fábrica em Estrasburgo, eu anexo a esta carta um texto do Sr. Yann Cablot, dos Arquivos Departamentais do Baixo Reno.

Eu concluo que a firma Ungerer, fundada em junho de 1858, cessou definitivamente sua atividade, em janeiro de 1989.

Eu encontrei talvez traços de vosso relógio, no repertório dos Grandes Livros Ungerer, nos Arquivos Departamentais (73J45 pag.91, anexo) onde se encontra um pagamento de 1.130 Fr, em 27 de abril de 1860, “para o Brasil” (talvez uma conta (parcela?).

Em nome dos meus ancestrais, eu vos agradeço, Monsenhor, por vossa mensagem cordial e por vossas bênçãos e vos dirijo minhas saudações respeitosas e cordiais.

B.Ungerer

Teríeis a gentileza de me enviar uma foto da torre da Catedral, com o relógio Ungerer, para os Arquivos Departamentais? Obrigado antecipado”.

Outras informações sobre o relógio da Catedral

    Verificando o anexo que acompanhou a carta do Sr. Bernard Ungerer ao monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, lemos uma relação manuscrita referente a 1860, onde constam as encomendas feitas à fábrica Ungerer & Frères, naquele ano. Na relação, uma anotação registra: “avril, 27 Caisse 1 – pour Le Brésil –37– 1.130 Fr (abreviatura da moeda francesa, o Franco).”
    Donde se conclui que o atual relógio, ainda batendo as horas na Sé de Crato, foi adquirido por Dr. Marcos Antônio Macedo, em Estrasburgo, no dia 27 de abril de 1860, fato comprovado pelo cineasta Jackson Bantim, que fotografou a máquina do equipamento e lá consta o ano da fabricação: 1860. Este relógio – segundo pesquisa de Irineu Pinheiro – foi instalado na torre do lado sul da Catedral de Nossa Senhora da Penha no dia 21 de janeiro de 1863, pelo artesão Vicente Ferreira da Silva.

Escritores do Cariri: Nertan Macedo
     Nasceu em Crato a 20 de maio de 1929. Foi um dos maiores dentre os jornalistas, historiadores, poetas e escritores nascidos no Cariri. Deixando sua cidade natal, ainda jovem, fixou-se em Recife (PE), onde foi redator dos jornais “Diário de Pernambuco” e “Jornal do Commercio”. Da capital pernambucana seguiu para o Rio de Janeiro. Nesta última cidade, trabalhou em três jornais da então capital brasileira: “O Jornal”, “Tribuna da Imprensa” e “Jornal do Commercio”, do Rio.
     O escritor Raimundo de Oliveira Borges, escrevendo sobre Nertan Macedo, disse: “Era um enamorado impenitente do sertão, que nunca esqueceu, das suas paisagens, dos seus homens bravos, das mulheres bonitas, dos verdes canaviais do seu Cariri, da silhueta azul da Chapada do Araripe, das fontes cantantes que irrompiam e ainda irrompem graças a Deus do seu seio inesgotável, da Praça da Sé das suas peraltagens de menino, do seu Crato antigo, hospitaleiro e bom”.
    Nertan Macedo escreveu 27 livros, dentre eles: “Caderno de Poesia” (1949); “Aspectos do Congresso Brasileiro” (1956); “Cancioneiro de Lampião” (1959); “Rosário, Rifle e Punhal” (1960); “O Padre e a Beata” (1961); “Capitão Virgulino Ferreira Lampião” (1962); “Memorial de Vilanova” (1964); “O Clã dos Inhamuns” (1965);   “O Bacamarte dos Mourões” (1966); “Agreste Mata e Sertão”; “Da Provence ao Capibaribe”; “O Clã de Santa Quitéria” (1967); “Dois Poetas Pernambucanos” (1967);  “Floro Bartolomeu–O Caudilho dos Beatos e Cangaceiros”; “Antônio Conselheiro” (1969); “Cinco Históricas Sangrentas de Lampião e Mais Cinco Histórias Sangrentas de Lampião” 2 volumes (1970);   “Sinhô Pereira - O comandante de Lampião” (1975).
        Pertenceu ao Instituto Cultural do Cariri (ocupava a cadeira nº 17, cujo patrono é João Brígido) e a Academia Cearense de Letras. Nertan Macedo faleceu aos 60 anos, em 30 de agosto de 1989.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Rio de Janeiro ganhará primeiro monumento ao Padre Cícero
     Desde 28 de dezembro de 2016, Dom Fernando Panico deixou a função de Bispo Diocesano de Crato, passando, automaticamente, à condição de “Bispo-Emérito” desta diocese. Mas seu novo status, ou seja, sua condição atual, não o impediu de continuar participando de diversos eventos realizados em memória do Padre Cícero Romão Batista. No início deste mês de novembro, Dom Fernando viajou para a cidade do Rio de Janeiro, onde pregou retiro para o clero da Arquidiocese de São Sebastião da antiga capital brasileira.
     Durante o retiro, o Pároco da Paróquia de São João Batista, de Rio das Pedras (zona oeste do Rio de Janeiro), Pe. Marcos Venício, convidou Dom Fernando Panico a celebrar uma missa para os devotos do Padre Cícero, residentes naquele subúrbio carioca. Foi uma festa! Muitos fiéis já conheciam Dom Fernando por informações. Outros já o tinham visto pessoalmente. Uma surpresa aguardava Dom Fernando: a notícia de que, no próximo dia 09 de dezembro de 2018, o Cardeal Dom Orani João Tempesta celebrará missa e inaugurará a Praça Padre Cícero, em Rio das Pedras, logradouro que terá uma estátua do “Padim Ciço”, a primeira construída no Estado do Rio de Janeiro.
                  Manifestação católica em Rio das Pedrs, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro

Maceió festeja 148 anos da ordenação do Padre Cícero
        Esta semana Dom Fernando Panico esteve em Maceió, aonde foi a convite do Arcebispo da capital de Alagoas, Dom Antônio Muniz, para celebrar nos festejos pelos 148 anos de ordenação sacerdotal do Padre Cícero. Em Alagoas, Padre Cícero é sempre lembrado e amado pelos fiéis católicos. É comum nas procissões comemorativas às festas dos padroeiros(as) das cidades alagoanas contarem com um segundo andor (geralmente ricamente ornamentado com flores) com a imagem do Padre Cícero Romão Batista.

 O primeiro colégio para mulheres criado no Cariri
               Colégio Santa Teresa de Jesus, em Crato. Foto do início da década 50 do século passado

        A criação do Colégio Santa Teresa de Jesus resultou de um sonho, dos vários sonhos alentados e concretizados por Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, primeiro Bispo de Crato. Àquela época, as escolas secundárias funcionavam separadamente para homens e mulheres. Inexistiam as escolas mistas como é praxe, nos dias atuais. E, neste Estado, as poucas escolas de segundo grau para mulheres só funcionavam na capital cearense, distante mais de 600 km de Crato, num tempo quando não havia estradas regulares, nem facilidade de comunicação. 
       Os contatos entre o Cariri e Fortaleza eram feitos unicamente por telegramas e cartas. Por isso, no território da nova Diocese de Crato, somente as moças pertencentes às famílias bem afortunadas financeiramente podiam se deslocar para a cidade de Fortaleza, a fim de estudar. Assim, depois de criar um Ginásio para homens (atual Colégio Diocesano de Crato) e reabrir as portas do Seminário São José para formar novos padres, Dom Quintino procurou a Congregação das Irmãs de Santa Doroteia, possuidora de um colégio na cidade de Fortaleza, para abrir uma filial no Cariri. As tratativas não chegaram a bom termo. Não desanimou o bispo de Crato. Uma segunda tentativa foi feita junto às Irmãs Ursulinas, que tinham uma casa em Salvador (BA). No final de 1922, a diretora das Irmãs Ursulinas escreveu a Dom Quintino mostrando a impossibilidade de enfrentar o desafio que lhe fora proposto pelo Bispo de Crato.
      Mas Dom Quintino conhecia uma senhorita, residente na cidade de Jardim, dortada de muita fé e muita disposição para enfrentar desafios. Era Anna Álvares Couto (a futura Madre Ana Couto), mais conhecida como Naninha Couto que aceitou o desafio que lhe foi proposta pelo Bispo de Crato.    

  Surge o Colégio Santa Teresa de Jesus de Crato

Madre Ana Couto,
cofundadora da Congregação
das Filhas de
 Santa Teresa de Jesus

     No dia 04 de março de 1923, às 5 horas da manhã, a população do Crato foi acordada com uma estrepitosa salva de fogos, anunciando o início das atividades de um novo colégio na antiga Vila Real do Crato. Dom Quintino havia atingido dois coelhos com uma só cajadada, pois concretizou dois dos seus mais alentados sonhos: o de criar uma congregação religiosa feminina (Filhas de Santa Teresa de Jesus) destinada a acolher jovens vocacionadas da sua diocese; e fundar – no Sul do Ceará –, o primeiro colégio para educação de mulheres. Dois pioneirismos de magnitude, considerando o fato de a Região do Cariri cearense – ainda atrasada em relação aos distantes centros evoluídos do litoral nordestino – ter passado a sediar as duas instituições acima citadas.



                                                                     Dom Quintino, 
                                                              primeiro Bispo de Crato

Algumas alunas ilustres
    Milhares foram as alunas que passaram pelos bancos escolares do Colégio Santa Teresa de Jesus. Muitas ganharam destaque. Citá-las nos levaria a incorrer em graves omissões. No entanto, vêm-me agora à lembrança algumas ex-alunas: a atual deputada federal Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo– a maior cidade da América Latina e a sexta maior do mundo; Maria Alacoque Bezerra, nascida em Juazeiro do Norte, a primeira mulher cearense a ocupar uma cadeira no Senado da República; Maria Violeta Arraes de Alencar Gervaseau, que foi Secretária de Cultura do Ceará e Reitora da Universidade Regional do Cariri e Madre Feitosa, uma das mais respeitadas educadoras do Ceará. Esta além de aluna foi também diretora daquele colégio.  

Existe potencial para criar a  “Paisagem Cultural”  no entorno da Catedral de Crato

     Entorno da Catedral de Crato em 1914, ano de criação da Diocese de Crato

     Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura– UNESCO: “O patrimônio é o legado que recebemos do passado, vivemos no presente e o transmitimos às futuras gerações. Nosso patrimônio cultural é fonte insubstituível de vida e inspiração, nossa pedra de toque, nosso ponto de referência, nossa identidade”. Acrescenta ainda a UNESCO que “O patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas”.
    Entre algumas exigências da UNESCO, para que um edifício, ou conjunto de edificações, se constituam em bens culturais, exige-se que esses bens “devem estar associados diretamente ou tangivelmente a acontecimentos ou tradições vivas, com ideias ou crenças, ou com obras artísticas ou literárias de significado excepcional”.
      Em qualquer uma dessas exigências se enquadra perfeitamente o conjunto da edificação da atual Catedral de Nossa Senhora da Penha e o seu entorno, localizado no centro da cidade de Crato.
    Pode-se agregar ainda à riqueza desse patrimônio cultural – oriundo das edificações e das atividades humanas da Catedral de Nossa Senhora da Penha – todas as manifestações populares – danças, folguedos, grupos folclóricos, apresentações cênicas, coreografias, músicas etc. – conservadas ao longo de sucessivas gerações, e ainda hoje repassadas às novas gerações –, por ocasião de comemorações e datas festivas, pois elas se constituem no Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível. 
      Ressalte-se, por oportuno, que essas manifestações da tradição popular – que compreendem uma gama de expressões de vida de grupos e indivíduos do município de Crato e adjacências – estão sendo objetos de catalogação pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. 
        Diante de tudo acima exposto, preocupado com a destruição sistemática que vem sendo feita ao Patrimônio Arquitetônico e Cultural da cidade de Crato, imbuído da responsabilidade como Cura da Sé–Catedral de Nossa Senhora da Penha, Pe. José Vicente Pinto Alencar da Silva, estuda enfrentar o desafio de salvaguardar a paisagem cultural no entorno da Sé Catedral de Crato.

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