quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Desprezo com o patrimônio histórico não é só no Cariri: casa de JK, em Diamantina, fecha as portas por problemas financeiros

    Causou grande repercussão, no Brasil inteiro, a notícia divulgada nesta 4ª feira, da grande perda para a cultura de Minas Gerais e para a memória do país: depois de 35 anos em funcionamento, a “Casa de Juscelino”, no Centro Histórico da cidade de Diamantina (MG) vai fechar as portas na 5ª feira, dia 21. Funcionando a duras penas nos últimos anos por causa da falta de repasse de verbas de convênios, o imóvel histórico onde viveu Juscelino Kubitschek (1902-1976), ex-presidente do Brasil (1956-1961), ex-governador de Minas Gerais (1951-1955) e ex-prefeito de Belo Horizonte (1940-1945) terá seu memorial encerrado.
Casa onde viveu o fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek

Situação do Patrimônio Histórico no Cariri
 Antiga casa do Senado de Crato, onde funcionava o Museu de Artes (fechado há 9 anos) e o Museu Histórico (funcionando precariamente)

   Tirante a cidade de Barbalha, é lamentável a preservação dos prédios históricos na conurbação Crajubar. Em Crato, as últimas medidas de preservação ocorreram por iniciativa do governador Lúcio Alcântara (período 2003 a 2006). Naqueles anos,  a Secretaria de Cultura do Ceará–Secult, dentre outras iniciativas, tombou o prédio da antiga Prefeitura e Cadeia Pública de Crato (onde funcionavam os Museus Histórico e de Artes Vicente Leite, o primeiro funcionando precariamente, o segundo fechado há quase 9 anos); tombou o prédio da antiga Estação Ferroviária (que resultou no exitoso Centro Cultural do Araripe, hoje com poucas atividades), além do Sítio Caldeirão, na zona rural, com a finalidade de preservar a memória da experiência comunitária feita pelo Beato José Lourenço (onde nada foi feito até agora).
Casa do Juiz de Direito Juvêncio Santana, recentemente demolida

       Em Juazeiro do Norte, também não se pode aplaudir a preservação dos prédios históricos. Recentemente, a antiga casa do juiz Juvêncio Santana, personagem popular na História de Juazeiro do Norte, foi demolida apesar dos protestos das instituições culturais e da imprensa desta cidade.

Diocese de Crato possui dois seminários para formação de sacerdotes
 Capela do Seminário Propedêutico de Crato, dedicada a São João Paulo II

   Além do Seminário São José (que caminha para os seus 150 anos de existência) a Diocese de Crato possui também o Seminário Propedêutico Dom Fernando Panico, ambos destinados à formação dos padres diocesanos.
      O Seminário Propedêutico Dom Fernando Panico foi inaugurado no dia 29 de dezembro de 2015. A Obra foi erguida no bairro Granjeiro, atrás da capela de Nossa Senhora da Conceição, em meio as árvores e tem como moldura o cenário e a vegetação da Chapada do Araripe. Possui uma área de 700 mil metros quadrados, doada à Diocese, em testamento, pelo Monsenhor Francisco de Holanda Montenegro.
       Esse Seminário dispõe de oito dormitórios, sala de estudos, biblioteca, atividade de informática e televisão, cozinha, refeitório, dispensa, lavanderia, área de lazer, além de uma capela dedicada a São João Paulo II, a primeira na Diocese a ter como patrono o Papa Polonês. Nas suas instalações físicas foram homenageados com a denominação de dos pavilhões o quarto Bispo Diocesano Dom Newton Holanda Gurgel e o Monsenhor Francisco Montenegro. A biblioteca recebeu o nome do Monsenhor Vitaliano Mattioli.

Caririenses ilustres: Dr. Leandro Bezerra Monteiro
   Dr. Leandro Bezerra Monteiro (foto ao lado) nasceu na cidade de Crato, no dia 11 de junho de 1826, filho primogênito do Coronel José Geraldo Bezerra de Menezes e de Jerônima Bezerra de Menezes, sendo neto do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, de quem herdou o nome. Em 1847, com vinte anos de idade, iniciou o curso de Ciências Sociais e Jurídicas, na Academia de Direito de Pernambuco, onde recebeu o título de Bacharel, em 1851, com vinte e cinco anos de idade.
     Durante seis anos, foi magistrado em Sergipe. Atraído pela política, foi eleito vereador e presidente da Câmara da cidade de Maruim.  Depois foi Deputado Provincial (hoje deputado estadual). Em 1860, conseguiu o mandato de Deputado Geral (hoje deputado federal). Reeleito, em 1872, Deputado Geral pela província de Sergipe, ganhou fama nacional, devido ao episódio que passou à história do Brasil, como a “Questão Religiosa”. Esta, chamada no início de “Questão Maçônica”, foi um conflito ocorrido no Brasil – no último quartel do século 19 – entre a Igreja Católica e a Maçonaria. 

O que foi a “Questão Religiosa”
    Em maio de 1872, o Bispo de Olinda e Recife, Dom Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, após várias e seguidas admoestações, interditou uma confraria religiosa em Recife, da qual faziam parte dois padres e vários leigos todos filiados à Maçonaria. Eles se recusaram a abandonar essa sociedade secreta, apesar da nova proibição de católicos pertencerem às lojas maçônicas, feita pelo Papa Pio IX. Também o bispo do Pará, Dom Antônio Macedo da Costa, adotou idêntica providência, na sua diocese. Ambos os bispos foram processados e presos por ordem do presidente do Conselho de Ministros do Império do Brasil, Visconde do Rio Branco, que era o grão-mestre da Maçonaria, no Rio de Janeiro.

     Dom Vital e Dom Macedo Costa foram transferidos para o Rio de Janeiro, onde foram condenados a trabalhos forçados, por quatro anos. Como era previsível, o fato causou grande revolta, junto à sociedade brasileira, àquela época majoritariamente católica. O Parlamento brasileiro passou a ser o foco dos debates entre os que apoiavam os bispos e os que defendiam a decisão do Visconde do Rio Branco. Os vários pronunciamentos feitos na Câmara pelo deputado Leandro Bezerra Monteiro, em defesa dos bispos Dom Vital e Dom Macedo Costa, constituiram-se em peças oratórias de grande coragem. Ninguém o excedeu na defesa da Igreja Católica, naqueles momentos difíceis para a Igreja Católica no Brasil. Seus discursos tiveram grande repercussão em todo o Brasil e até no exterior.
Servo de Deus Dom Frei Vital, cuja beatificação poderá ocorrer neste ano



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Projeto de Preservação do Soldadinho do Araripe
    Foi implantado,  na cidade de Crato,  o Projeto de Preservação do Soldadinho do Araripe. Está localizado na sede própria do Instituto Cultural do Cariri.  Além da sede foi delimitado uma área para funcionar como Centro de Visitação do Espaço do pássaro Soldadinho do Araripe.
     Através do apoio dos proprietários de terras, o projeto, em parceria com Área de Proteção Ambiental (APA), vem implantando o Cadastro Ambiental Rural. Atualmente, em 90 nascentes existem menos de 200 casais do pássaro. No total, são apenas 800 soldadinhos-do-araripe, que correm risco de extinção. Para evitar a consanguinidade, de acordo com estudos genéticos deste tipo de animal, são necessários 512 casais. Ainda em processo de preparação, o viveiro de mudas do projeto Soldadinho-do-Araripe vai funcionar produzindo espécies de plantas como a Rosa da Mata, Pimenta de Macaco e Candeeiro D´água que são adequadas ao habitat da ave. Entretanto, o plantio e a recuperação é demorada, devido aos fatores ambientais e também pela qualidade dos solos.

Soldadinho do Araripe: a ave símbolo da Caririensidade
    Esta espécie, cujo nome científico é Antilophia bokermanni, é um pássaro que só existe nas encostas da Chapada do Araripe. Trata-se da única ave endêmica do Ceará, ou seja, das mais de 460 espécies que encontramos no nosso Estado, o Soldadinho do Araripe é a única exclusiva do Ceará. Por isso, tornou-se o símbolo para a conservação da Floresta Nacional do Araripe–Flona.
   As riquezas e as diversidades naturais e culturais fazem do Cariri um oásis no centro da região Nordeste brasileira. A água que é armazenada – na temporada das chuvas –, em reservatórios subterrâneos na Chapada do Araripe, desce depois pelas encostas, formando algumas nascentes. E se transforma numa água límpida e cristalina, que se derrama entre a mata e o sopé da chapada, formando – parte inferior da encosta –  tapetes verdes de bela vegetação.  Em torno desses tapetes surgem pequenos regatos. Fica aí o habitat do Soldadinho do Araripe, uma ave ameaçada e extinção. O Soldadinho do Araripe tornou-se um ícone, uma imagem da caririensidade! E está sendo usado como apelo contra a devastação das florestas da nossa Chapada; contra o mau uso das águas das nascentes; em favor da defesa do meio ambiente.

Um exemplo de ensino de excelência: Colégio da Polícia Militar de Juazeiro do Norte
    Colégio Militar Coronel Hervano Macedo Júnior, localizado em Juazeiro do Norte

    Há 50 anos, Juazeiro do Norte só contava com três educandários de bom nível: Escola Normal Rural, Ginásio Salesiano e Ginásio Batista. Hoje tudo é diferente! A cidade cresceu também na área educacional de ensino médio. Dentre as boas escolas da Terra do Padre Cícero, o Colégio Militar de Juazeiro do Norte – criado pelo atual governador do Ceará, Camilo Santana, em 30 de dezembro de 2015, ganhou realce. Trata-se do segundo Colégio da Polícia Militar do Ceará, beneficiando, no Cariri, alunos do 8º ao 3º ano, do ensino fundamental e médio. Eles são distribuídos em 31 turmas, nos períodos da manhã e tarde. Em 29 de Junho, através do decreto nº 16.038, o colégio passou a se chamar Colégio Militar Coronel Hervano Macedo Júnior.
    São mais de 1.100 alunos, 55 professores, e cerca de 30 militares no quadro de profissionais da escola, que, além de um ensino eficiente, onde a prioridade é o respeito e a disciplina, dispõe de excelentes salas de aulas, laboratórios de Matemática, Informática, Biologia e Física, auditório biblioteca e ginásio esportivo.
     Apesar de críticas feitas por educadores seguidores das orientações emanadas pela “ordem global” no tocante à educação dos jovens,  a verdade é que a disciplina rígida das escolas de orientação militar; o bom desempenho em avaliações nacionais e o ambiente acadêmico com foco na formação completa do estudante, tornaram essas escolas verdadeiros exemplos de excelência em meio ao atual caos da educação pública brasileira.

Um fato histórico-religioso recente em Crato
   Era o dia 27 de janeiro de 2000. O Palácio Alexandre Arraes, sede da Prefeitura Municipal de Crato, estava lotado. Ante uma belíssima imagem de Nossa Senhora de Fátima, o então Prefeito, Moacir Soares de Siqueira, visivelmente emocionado, comandava a solenidade de consagração da cidade de Crato ao Imaculado Coração de Maria.





O  texto da consagração 
“Ó Virgem Senhora de Fátima, a cidade de Crato, prostrada aos vossos pés, crê e espera, deseja e implora a realização de vossa grande promessa: Por fim, o Imaculado Coração Triunfará!
      E nós, enquanto Prefeito deste povo fiel, em união com o Santo Padre o Papa João Paulo II, com o nosso Bispo Dom Newton Holanda Gurgel, e todo o clero, aclamamos desde já este triunfo, que fará raiar no mundo o Reinado de vosso Divino Filho, Cristo Jesus, nosso Redentor.
      E, ao mesmo tempo, suplicamos a graça de sermos instrumentos em vossas mãos para edificação deste Reinado, que só será verdadeiramente de Jesus, se for inteiramente vosso! Sois Vós, Senhora, a Estrela da Esperança e a Aurora do Terceiro Milênio. Foi por Vós que Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo, e será por Vós que ele reinará no mundo.
       E nós, vossos filhos de Crato queremos buscar em primeiro lugar este Reino, o Reino de Jesus em Vosso Imaculado Coração, bem certos de que todas as outras coisas nos serão dadas por acréscimo.
      Para selar oficialmente este propósito, nos Vos consagramos – tanto quanto nos outorga nossa autoridade de representante civil deste povo católico – nós consagramos ao vosso Sapiencial e Imaculado Coração nossa cidade, com todas as suas famílias e instituições.
       Aceitai, Senhora, esta consagração. Nós a depositamos em vosso Coração Imaculado, para assim nos consagrarmos mais santa e plenamente ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Divino Filho. Assim seja.”

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                                               Ex-prefeito de Crato, Moacir Soares de Siqueira

    Assim, naquela singela iniciativa, o Prefeito Moacir Soares de Siqueira – com a legítima autoridade de que estava investido – ao consagrar o Crato a Nossa Senhora de Fátima, separou para Deus esta cidade e seus moradores, oficializando-os – no âmbito civil – como propriedade da Virgem Santíssima. Esta, certamente, cuidará ainda com mais carinho e desvelo maternal, tanto da cidade como do seu povo, que já lhe pertenciam por desígnios de Deus, e cuja pertença foi ratificada por suas autoridades civis constituídas...

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